Ninguém achou que realmente o pessoal encheu os bolsos, meias e cuecas e partiu rumo a Copenhague para oferecer uns papelotes pro presidente do COI. Nem que levou a tiracolo Michele, Samara, Pâmela e mais 47 piranhas de Copacabana para alegrar os gringos.Boa ou não, é uma piada! Mas como foi a nossa ferida que foi cutucada… Se a sede das Olimpíadas fosse a Bolivia e ele tivesse feito piada só com o meio quilo de pó, ninguém estaria reclamando. Se fosse a Australia e ele falasse dos cangurus, muito menos.
Assim como não nos incomodamos e fazemos piada com a lógica portuguesa, mesmo com quase ninguém conhecendo dois ou mais portugueses para poder saber como funciona a inteligência deles. Eu nunca trepei com um japonês, mas, se gostasse de fazer piada óbvia, poderia poderia brincar com a história do pau pequeno, e tudo certo. Na Argentina quase não se ouve mais tango no dia a dia e sempre que a gente faz algum esquete com os hermanos rola um tango no fundo. Caguei se em La Paz tem uma indústria de sapato forte, se a economia cresceu, se lá tem um parque ecológico incrível. A piada eu faço com a cocaína. E nem sei ao certo se a pessoa cheira mais lá ou no Peru. Enfim, já gastei muitas linhas tentando explicar uma piada.A verdade é que – infelizmente - é assim que somos vistos lá fora.
De Carmen Miranda aos Simpsons. Andando pelas ruas no Brasil é possível se cruzar com macacos e girafas. Até seria engraçado ver um flanelinha do Vaga Certa tentando cobrar os “2 real” de um elefante estacionado em plena Av. Nossa Senhora de Copacabana. E olha que eles nem sabem das cobras de Brasilia! Somos índios aos olhos do mundo. Andamos nus. As mulheres com frutas na cabeça. Yes, nós temos banana!

Turista vem pro Rio de Janeiro, principal porta de entrada do Brasil. Ele conhece o que lhe é apresentado. Não conhece nem de nome os bares de Santa Teresa nem o Baixo Gávea. Conhece a Help. Não vê o pôr do sol no Arpoador. A praia é em Copa, onde tudo funciona justamente para apresentar esse Brasil que hoje é motivo de piada. É uma praia pra gringo. Não que toda a praia de Copacabana (que é imensa) seja assim. Mas é em alguma parte dessa praia que é 50 dólares incluindo o boquete. Se o Mr. Taylor quer ouvir bossa nova, que é a música genuinamente brasileira mais conhecida mundo afora, que compre um CD.

Turista vem pro Rio de Janeiro, principal porta de entrada do Brasil. Ele conhece o que lhe é apresentado. Não conhece nem de nome os bares de Santa Teresa nem o Baixo Gávea. Conhece a Help. Não vê o pôr do sol no Arpoador. A praia é em Copa, onde tudo funciona justamente para apresentar esse Brasil que hoje é motivo de piada. É uma praia pra gringo. Não que toda a praia de Copacabana (que é imensa) seja assim. Mas é em alguma parte dessa praia que é 50 dólares incluindo o boquete. Se o Mr. Taylor quer ouvir bossa nova, que é a música genuinamente brasileira mais conhecida mundo afora, que compre um CD.
Porque não existe um único lugar no Rio de Janeiro onde se ouça “Garota de Ipanema”. Nem que seja como as casas de tango de Buenos Aires, só macumba pra turista. Pode ouvir samba. Mas não na Lapa. A ele é oferecido o na Plataforma, os córneos cheios de caipirinha e as mulatas dizendo no pé.
No dia seguinte, de ressaca e ardido do sol, o turista bota sua camisa florida (olha o esteriótipo aí, gente!) e vai no Cristo onde, se não for assaltado, tira uma foto e leva estampada naquele pratinho cafona. A coisa mais carioca que pode acontecer é ele dar a sorte de ter um clássico no Maraca ou um ensaio de escola de samba. Turista que não vem se hospedar na casa de algum amigo carioca não tem um choppinho no Jobi, um sanduíche no Cervantes, um forró na Feira de São Cristóvão, um café da manhã no Parque Lage, um fim de noite na Pizzaria Guanabara, um Bailinho, um Jardim Botânico.

No dia seguinte, de ressaca e ardido do sol, o turista bota sua camisa florida (olha o esteriótipo aí, gente!) e vai no Cristo onde, se não for assaltado, tira uma foto e leva estampada naquele pratinho cafona. A coisa mais carioca que pode acontecer é ele dar a sorte de ter um clássico no Maraca ou um ensaio de escola de samba. Turista que não vem se hospedar na casa de algum amigo carioca não tem um choppinho no Jobi, um sanduíche no Cervantes, um forró na Feira de São Cristóvão, um café da manhã no Parque Lage, um fim de noite na Pizzaria Guanabara, um Bailinho, um Jardim Botânico.
Acho que nem no pedalinho da Lagoa eles vão! Ou alguém acha que a mulher brasileira é aquela baranga da bunda cheia de pereba que aparece nos filmes da "Brasileirinhas"?A culpa é do Brasil que é exportado. E dos governantes que continuam tapando os olhos para o turismo. Uma das principais características do brasileiro sempre foi o seu bom humor. O rir de si mesmo. Então não vamos piorar exportando também essa moda insuportável (pra quem é humorista principalmente) do politicamente correto. Já tem até colega ameaçado por atendente de telemarketing: “Eu tenho seu CPF, mais uma piadinha e estarei acabando com a sua raça, senhor”.
Daqui a pouco digitar 140 caracteres no Twitter pode ser pior do que dançar lambada num campo minado. Não chega a ser a volta da censura, porque não tem esse poder, só serve para encher o saco. Mas também não deixa de ser. A censura dos chatos.Robin Willians é um fanfarrão? Sim. A piada é sem graça? Sim. Me incomodou? Não a piada, mas o fato de ser essa a maneira como o comediante conhece o Brasil. O comediante e seu público, afinal só riram porque entenderam. Porque se estivesse um pouquinho mais de conhecimento, talvez Robin Willians tivesse dito que o Brasil ofereceu meio quilo de pó, 50 prostitutas… e um panetone.